(Por: Ivana Negri - Ver Quem Somos)
Já
viram coisa mais boba do que amor de mãe? Não consigo conceber criatura mais
tola e masoquista do que mãe. Chora, sofre, angustia-se, desespera-se, passa
noites em claro, mas não reclama e ainda trabalha com um sorriso nos lábios e o
coração está sempre cheio de esperança. Só fica feliz em função da felicidade
dos seus afetos.
Tudo
começa quando aquela criaturinha microscópica se aloja em seu útero, com sua
anuência, é claro. E já não será mais a mesma por todo o sempre. Primeiro, o
ser rouba-lhe as formas e alimenta-se do
seu sangue. Depois que nasce, como um parasita, suga seu seio para sorver o
leite. Reclama atenção, chora e a faz perder noites e noites de sono. Mas mesmo
assim, ela o ama cada vez mais com veneração. Deixa de sair, de comprar coisas
para si, tudo gira em torno dele e dos outros que vão surgindo. Seu coração é
elástico, quantos vierem, recebem a mesma dose de atenção e carinho.
O tiraninho
vai crescendo, e cada vez mais exige cuidados. Leva-o à escola (sofre por
dividi-lo com a “outra”, a professora, mas não diz nada a ninguém).
Adolescente, tem que reparti-lo com as namoradas, ou namorados se for menina,
até que o perde definitivamente para as esposas ou maridos. Mas ainda assim,
continua a adoração que se prolonga nos netos, já que avó é mãe elevada ao
quadrado. Preocupa-se com os filhos e com os filhos dos filhos. Que sina!
Que amor é
esse, que enquanto o filho jovem e saudável diverte-se nas festas até altas
horas, sem nem sequer lembrar que ela existe, o espera sem pregar o olho
durante as madrugadas, até finalmente ouvir o barulho familiar da chave na
porta. Daí, em silêncio e fingindo dormir, tem um pouco de paz. Seu filho chegou
são e salvo para a casa! Agradece a Deus e a todos os anjos e santos que
invocou.
Que amor é
esse que crê serem os filhos eternas crianças? Mesmo calvos e barrigudos os
filhos, ou matronas as filhas, ela pergunta: “vocês se alimentaram direito?”.
Se saem de
férias, só sossega quando sabe que chegaram bem ao destino. Seu coração está
sempre em alerta, apreensivo, esperando desesperadamente aquele telefonema que
vai livrá-la da angústia.
Que amor é
esse? Que perdoa sempre, não guarda ressentimentos, e quanto mais sofre, mais
ama. Entre todos os tipos de amor, o que mais se assemelha ao amor divino, o
mais altruísta, que dura até a última batida do coração, e mesmo morta, a mãe
se transforma em anjo para proteger lá do alto os filhos queridos. Essa ligação
é eterna, vence o tempo, a distância, e até a morte. Nada poderá desfazer os
laços que fazem o amor de mãe ser o mais bobo, patético e incompreensível e
também o mais lindo e verdadeiro, aquele com o qual podemos contar para sempre
e em todas as horas de nossa vida, e depois dela...
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