O livro de Gabriel García Márquez, publicado em 1981, "Crônica de uma morte anunciada", nunca foi tão atual. É bem apropriado para traduzir a atual crise no abastecimento de água. A obra de García Márquez conta, na forma de uma reconstrução jornalística, a história do assassinato de Santiago Nasar pelos irmãos Vicario. Santiago, acusado de desonrar Ângela Vicario tinha sua morte como certa. Toda a localidade fica sabendo antes da vingança iminente, mas nada salva Santiago de seu trágico destino, anunciado logo à primeira linha do romance. O jovem Santiago Nasar foi morto a facadas pelos irmãos de Ângela, os gêmeos Pedro e Pablo.
Há pelo
menos cinco anos, o governo do Estado de São Paulo, estava ciente, ou deveria
estar, da iminente crise no abastecimento de água da quarta mais populosa
metrópole do mundo, com 19,890 milhões de habitantes. Contudo, o ranço da
trilogia: má gestão, falta de planejamento e falta de transparência, que não é
apenas privilégio do Governo do Estado de São Paulo, mas, atinge todo Brasil,
especialmente o Governo Federal, falou mais alto, e não impediu a concretização
da "calamidade anunciada".
A crise
hídrica atinge também o Rio de Janeiro e Belo Horizonte. E, como no Brasil não
podemos dissociar água de energia elétrica, o caos já chegou nas hidrelétricas.
Dessa forma, não sabemos se amanhã tomaremos banho. Não sabemos se o banho será
quente ou frio.
Como é
recorrente no Brasil, os objetivos eleitoreiros falam mais alto que os
interesses do povo, até hoje o governo do Estado de São Paulo insiste em negar
o racionamento, e continua colocando a culpa em São Pedro, mas se esquece que
graças à falta de manutenção do sistema de abastecimento, 40% da água tratada é
perdida no meio do caminho, devido ao sucateamento da infra-estrutura das
tubulações da SABESP.
Por sua
vez, a população engabelada pela conversa do governador de que tudo estava sob
controle, demorou para acordar, e agora sofre com o racionamento
"velado".
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