segunda-feira, 1 de setembro de 2014

“IMPERATRIZ LEOPOLDINA, Paladina da Independência do Brasil”

(Por: Cláudia Virgília - Ver Quem Somos)

              “Uma princesa dos Habsburgos, onde quer que se encontre, sempre tem uma missão a cumprir.”   
 Arquiduque Carlos Habsburgo



  A verdadeira cidadania de cada povo é feita a partir da busca do conhecimento sobre suas raízes, portanto, compreender suas origens é entender a essência de sua gente, respeitando seus valores, tradições e heróis, pois o povo que não preserva sua história morre a cada geração...
  Porém quantas vezes a gente lê sobre destaques femininos? Quantos filmes você foi assistir no cinema onde a protagonista era mulher? Fez sucesso este filme? Sempre comento isso em minhas palestras... infelizmente, nem as mulheres prestigiam uma heroína...
  Trazer a versão feminina à luz é tão urgente quanto necessário para que os seres deste gênero, tão intuitivo e lunar, sejam reinseridos nos fatos e no tempo, complementando os relatos dos quais foram excluídas; afinal, esqueceram-se os escribas que a humanidade não é exclusividade de homens!?
   Até onde se sabe, as mulheres, crianças, idosos e outros grupos vulneráveis, sempre existiram e contribuíram para nossa raça existir e crescer...
  Sendo assim, como o feriado de 7 de setembro de 1822, Dia da Independência do Brasil se aproxima cabe colocarmos alguns pontos nos “is”...  
  Vamos falar um pouco sobre a Leopoldina, uma princesa da tradicional dinastia dos Habsburgos, poderosos líderes do Império Austro-húngaro, uma mulher erudita, apaixonada e agente exponencial na criação do Império do Brasil.
  Retratada com desdém de feia ou depressiva, esta nobre senhora cultivou e estimulou as artes e o conhecimento científico por onde passou. Foi uma pioneira do serviço social prestado aos órfãos e afrodescendentes, empenhando seus bens e até contraindo dívidas para manter tais entidades assistenciais (coisa rara de ser ver ...)
  Com seu fraterno amigo, o ministro José Bonifácio e o esposo D. Pedro I, articulou internamente, a estruturação das forças de defesa territorial e, externamente, o reconhecimento internacional da soberania brasileira, sendo estas três personalidades: José Bonifácio, Leopoldina e Pedro de Alcântara, os Pilares da Independência do Brasil.
  Segundo PELLEGRINI (2008): “Mais que filhos, Leopoldina deu ao Príncipe Dom Pedro VISÃO DE MUNDO, informando-o das idéias européias e estimulando-o a romper com Portugal”.
  O povo brasileiro, em 1822,ciente de que Portugal pretendia chamar D. Pedro de volta, rebaixando o Brasil de Reino Unido para simples colônia não se calava e os ânimos se exaltavam. Em carta sobre a motivação de D. Pedro, ela diz: “Ele está mais bem-disposto para os brasileiros do que esperava, mas é necessário que algumas pessoas influam mais, pois não está positivamente decidido quanto eu desejaria. (...) Muito me tem custado alcançar tudo isso- só desejaria insuflar uma decisão mais firme.”
  Em 13 de agosto do mesmo ano, o príncipe D. Pedro, partiu em viagem para apaziguar iminente guerra civil em São Paulo e nomeou Dona Leopoldina, Chefe do Conselho e Princesa Regente Interina do Brasil, nesse mês a Princesa enviava para a Bahia, o inglês Almirante Cochrane, pois ela sabia que o ideal da monarquia constitucional emergente carecia de forças armadas preparadas, para impedir a instalação do caos, durante a transição política.
  Como Princesa Regente, ela revelou seu tino político e sua sensibilidade, quando reuniu o Conselho de Estado e assinou o Decreto de Independência, declarando o Brasil separado de Portugal, em 2 de setembro de 1822.
  Cinco dias após, em 7 de setembro, D. Pedro recebe duas cartas: uma de José Bonifácio, e outra de Dona Leopoldina em que afirma (trecho da carta):

  "Pedro, o Brasil está como um vulcão.
  Até no Paço há revolucionários. Até portugueses são revolucionários. 
  As Cortes portuguesas ordenam a vossa partida imediata, ameaçam-vos, humilham-vos. 
  O Conselho de Estado aconselha-vos para ficar. 
  Meu coração de mulher e de esposa prevê desgraças se partirmos agora para Lisboa (...). 
  O Brasil será em vossas mãos um grande país. 
  O Brasil vos quer para seu monarca.(...)
  O pomo está maduro. Colhei-o já, senão apodrece. 
  Ouvi o conselho de vosso Ministro se não quiserdes ouvir o de vossa amiga. 
  Pedro, o momento é o mais importante de vossa vida.
  Já dissestes aqui o que irieis fazer em S. Paulo. 
  Fazei pois. 
  Tereis o apoio do Brasil inteiro, e contra a vontade do povo brasileiro, os soldados portugueses que aqui estão, nada podem fazer. 
 "Leopoldina"

  Ás margens simbólicas do Ipiranga, o Príncipe cumpre seu papel legítimo e sanciona a decisão Unânime do Conselho de Estado, rompe os laços com Portugal e declara a Independência do Brasil.
  Pobre princesa...em seus 09 (nove) anos no solo brasileiro, passou por 09 (nove) gestações e veio a falecer um mês antes de completar os 30 anos.  
  Duas de suas sementes floresceram como líderes monárquicos: o Imperador D. Pedro II, no Brasil e a Rainha Maria II, em Portugal. 
  Nas fibras de seu coração devotado encontrou forças para superar seus dramas familiares e ainda deixar exemplos de resiliência: “Paciência, é preciso ser corajosa e constante, um dever sagrado mo impõe...” (carta palavras ao Marques de Marialva em 09 de junho de 1821). 
  O denodo na missão de líder política brasileira, desafortunadamente não lhe amenizou as desilusões conjugais nas quais, vivenciou um fatídico e desequilibrado triângulo de forças, onde D. Pedro e Domitila de Castro, a Marquesa de Santos, somaram e excluíram a solitária imperatriz.
  Maria Leopoldina foi uma mulher de seu tempo, suportando com fibra a infelicidade amorosa, mas concomitantemente foi uma mulher de vanguarda na visão e ação de uma governante de valor.
  Ela que foi Arquiduquesa Austríaca, Princesa do Reino Unido Portugal, Brasil e Algarves, primeira Imperatriz do Brasil e rainha de Portugal: Dona Maria Leopoldina (em homenagem a sogra Carlota Joaquina que tudo fazia para atormentá-la, afinal sua ampla formação cultural, era verdadeira heresia para uma mulher na corte brasileira).
  Leopoldina deixou imenso legado de culto às virtudes e observância dos deveres, lutou contra a escravidão, apoiando ativamente a vinda de imigrantes e articulou o reconhecimento internacional de nossa soberania, ela é a grande dama negligenciada pela história nacional carece merecido destaque nas páginas da nossa história!

  Parabéns gentil e corajosa mulher, mãe, imperatriz do Brasil!

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