quarta-feira, 9 de abril de 2014

AS CIDADES E A SUA DINÂMICA


     Em tempos eleitorais locais, é comum o encontro de um grande número de propostas para as cidades com eminente caráter de “salvação” e de “redenção” dos amplos aspectos negativos do processo dominante no planeta de crescente urbanização. Afinal, a cidade é um bem ou um mal para a raça humana? E para o planeta? Isto se falarmos em termos puramente filosóficos. No caso concreto das experiências e propostas urbanas apresentadas por políticos, especialistas fora de linhas ideológicas e palpiteiros de uma maneira geral, as coisas tendem para um verdadeiro “samba do crioulo doido” são divulgadas propostas que vão desde a aproximação – imediata – dos empregos aos locais de trabalho, quanto da cobrança do pedágio urbano sem a devida preparação da rede público a de transporte que já se encontra saturada.
    O necessário debate urbano que – necessariamente – deve ser acompanhado dos modelos adequados de gestão, dos recursos necessários à sua realização tanto de caráter financeiros quanto orçamentário é importante para a definição e  caráter político das intervenções.Da mesma maneira, a mescla de usos e concentração de população de certo tipo, categoria e poder econômico, não pode ser realizado sem que se tenha preparado a sociedade para a aceitação destas mudanças.
   Como elemento identificador e qualificador de propostas urbanas está a questão econômica associada às formas de uso e ocupação do solo. Já na década de 70 do século passado, se discutia a apropriação da cidade pelo capitalismo, que transformava os valores relativos ao uso da cidade (culturais e sociais) em valores de troca e em mercadoria (Lefevre, Harvey). Autores publicaram verdadeiros libelos sobre o modo capitalista de organização dos espaços. Sob a ótica das mulheres, nunca o ambiente urbano foi mais agressivo - assaltos, estupros entre outras violências. A saída? Alem das necessárias mudanças culturais, iluminação pública, identificação (por meio da geolocalização das ocorrências policiais) das áreas que apresentam mais perigo. O futuro das cidades está em jogo. Quando vamos participar deste debate?

Helena Werneck

Arquiteta e Urbanista com especialização em Planejamento de Áreas Metropolitanas pela Universidade de Roma - La Sapienza. Professora Universitária e autora do blog gotaspaulistas.wordpress.com. Faz parte da Coordenação Nacional de Mulheres do PPS e do Conselho curador da Fundação Astrojildo Pereira. Foi eleita conselheira do Conselho Participativo da Prefeitura de São Paulo.

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